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O Governo Federal, por meio da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, revisou para cima a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para o ano de 2025, elevando a previsão de 2,3% para 2,4%.

O anúncio foi realizado na divulgação do Boletim Macrofiscal e das projeções de indicadores macroeconômicos, promovida em Brasília no dia 19 de maio de 2025.

Conforme ressaltou a subsecretária de Política Macroeconômica da SPE, Raquel Nadal, a atualização reflete principalmente a expectativa de um desempenho mais robusto no primeiro trimestre, aliado ao crescimento projetado para a safra agrícola.

“Essa revisão repercute, principalmente, a maior projeção de crescimento para o primeiro trimestre, além de um aumento na projeção de safra”, afirmou Nadal durante a coletiva de imprensa.

Setores Econômicos: Perspectivas de Crescimento
Setor Perspectiva de Crescimento Principais Fatores
🌾 Agropecuária Crescimento de 6,3% Safra recorde e demanda internacional por commodities
🏭 Indústria Expansão de 2,2% Retomada gradual de investimentos e estabilidade nos preços dos insumos
💼 Serviços Crescimento de 2% Recuperação do consumo interno e maior oferta de crédito

Além disso, a subsecretária enfatizou que, para os anos seguintes, mantém-se a previsão de crescimento do PIB em torno de 2,6%, já incorporando, ainda que parcialmente, os efeitos da transformação ecológica, da reforma tributária e de políticas públicas setoriais que visam à modernização e à competitividade da economia nacional.

Inflação: Revisão nas Projeções e Causas

O Boletim Macrofiscal também promoveu ajustes nas projeções inflacionárias.

A estimativa da inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi revisada de 4,9% para 5% em 2025.

A alta refletiu não apenas surpresas observadas nas variações do índice em março, mas também mudanças no cenário macroeconômico.

Raquel Nadal explicou que, entre fevereiro e abril, a inflação medida pelo IPCA avançou de 5,1% para 5,5%.

Este aumento foi atribuído, principalmente, ao comportamento dos preços livres, destacando-se os serviços e os bens industriais.

A inflação de bens industriais, segundo a subsecretária, está associada aos efeitos defasados da taxa de câmbio, enquanto a inflação de serviços continua elevada devido aos efeitos inerciais e à manutenção de um mercado de trabalho aquecido.

Adicionalmente, a inflação de alimentos sofreu incremento no mesmo período, motivado pela menor deflação de produtos in natura e pela elevação dos preços de itens como café, leite e derivados.

Apesar disso, Nadal destacou que, desde o início do ano, preços de alguns alimentos básicos, como arroz, feijão, carnes bovinas e óleo de soja, apresentaram queda.

O preço do azeite também recuou, atribuído à suspensão temporária do Imposto de Importação.

Perspectivas Inflacionárias para o Fim de 2025 e Anos Seguintes

O cenário projetado indica que o IPCA deverá acelerar até cerca de 6,1% nos próximos meses, mas, segundo a SPE, retornará ao patamar de 5% acumulados em 12 meses até dezembro, com o início da trajetória de queda já a partir de setembro.

A subsecretária previu também uma redução na inflação de alimentos e de serviços até o final do ano, impulsionada pela diminuição dos estímulos vindos do mercado de crédito e pela política monetária mais restritiva implementada pelo Banco Central.

Para 2026, a projeção do IPCA foi mantida praticamente estável, passando de 3,5% para 3,6%, dentro dos limites estabelecidos pelo regime de metas de inflação.

De 2027 em diante, espera-se uma convergência gradual da inflação para o centro da meta.

Outras Estimativas Inflacionárias: INPC e IGP-DI

A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2025 também sofreu ajuste, passando de 4,8% para 4,9%, justificado pelas variações observadas no índice em março, além de alterações no cenário prospectivo.

Por outro lado, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) teve sua previsão reduzida de 5,8% para 5,6%.

A queda foi atribuída à desaceleração dos preços no atacado industrial, em especial os derivados de petróleo e os biocombustíveis.

Todas as projeções inflacionárias foram elaboradas considerando a taxa de câmbio em R$ 5,86, conforme a mediana do Boletim Focus do dia 7 de maio, data de fechamento dos parâmetros.

Se, porém, a taxa de câmbio se mantivesse mais próxima de R$ 5,70 — como no cenário de referência adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em maio — as estimativas para IPCA, INPC e IGP-DI poderiam ser mais baixas.

“A nossa projeção seria mais próxima de 4,8% para o IPCA”, ressaltou Raquel Nadal.

Mercado de Trabalho: Estabilidade com Sinais de Desaceleração

A SPE também avaliou o comportamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego permaneceu praticamente estável desde dezembro, oscilando em torno de mínimos históricos.

No entanto, já se observam sinais de desaceleração no ritmo de crescimento da população ocupada e da massa de rendimento real, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

Esse movimento, segundo a subsecretária, deverá se intensificar nos próximos meses, como resposta defasada à política monetária mais restritiva, colaborando para o retorno da inflação ao intervalo da meta.

Cenário Externo: Tensões Comerciais e Impactos no Brasil

Em relação ao ambiente externo, a SPE alertou que o aumento das tensões comerciais e da incerteza global pode prejudicar o ritmo de crescimento brasileiro.

O agravamento das tarifas tende a afetar negativamente os fluxos internacionais de comércio, reduzindo a demanda por commodities e postergando decisões de investimento e consumo.

Apesar desses desafios, o Boletim Macrofiscal ressaltou a possibilidade de surgirem novas oportunidades de negócios para o Brasil, decorrentes da mudança na dinâmica das correntes de comércio mundiais.

O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, avaliou que a imposição de tarifas comerciais poderá até exercer efeitos positivos sobre a economia brasileira, especialmente ao reduzir a inflação e contribuir para a valorização do real.

Segundo Mello, o real já vinha apresentando trajetória de recuperação desde janeiro e atualmente encontra-se em um patamar próximo ao observado no terceiro trimestre de 2024.

Oportunidades para o Brasil em Meio ao Novo Cenário Comercial

Na visão da SPE, o Brasil poderá se beneficiar da substituição das importações americanas por países mais afetados pelas tarifas, que podem também adotar medidas retaliatórias.

Além disso, os produtos brasileiros poderão tornar-se mais competitivos no mercado norte-americano, considerando que as tarifas impostas aos bens brasileiros são inferiores às aplicadas sobre outras economias.

“Com essa nova política comercial, pode haver algum redirecionamento de comércio, trazendo bens e, eventualmente, serviços mais baratos para outras regiões do globo, como a América Latina”, comentou Mello.

O secretário destacou ainda que, caso o Brasil amplie sua participação em mercados internacionais, a atividade produtiva doméstica poderá ser impulsionada, elevando a demanda externa por produtos brasileiros.

Outra oportunidade identificada refere-se ao potencial de atração de investimentos produtivos.

A valorização do real e a queda nos preços das commodities podem contribuir para um ambiente macroeconômico mais favorável, estimulando o ingresso de capitais estrangeiros.

“Não há efeitos imediatos, mas o Brasil encontra-se bem posicionado e com uma perspectiva positiva para atrair um conjunto de investimentos que, até pouco tempo, disputávamos com outros países”, concluiu Mello.

Resultado Primário: Revisão Positiva nas Expectativas

A subsecretária de Política Fiscal da SPE, Débora Freire, apresentou os resultados do Prisma Fiscal de maio, divulgado em 16 de maio, ressaltando a melhoria nas projeções tanto para o Resultado Primário quanto para a Dívida Bruta do Governo Geral.

A projeção de déficit primário para 2025 foi revisada de R$ 80 bilhões para R$ 72,7 bilhões.

Débora Freire destacou que, apesar da projeção ainda indicar déficit, ela já sinaliza o cumprimento da meta fiscal estabelecida, principalmente porque não inclui o montante de precatórios, estimado em R$ 44,12 bilhões, que deverá ser descontado para fins de aferição da meta.

Ela observou também que as instituições de mercado revisaram, pela sexta vez consecutiva, suas expectativas em relação ao Resultado Primário.

“Antes disso, observamos um processo de deterioração das expectativas ao longo de 2024.

Entretanto, atualmente já percebemos uma sequência de revisões positivas, culminando nesta estimativa de déficit de R$ 72,7 bilhões, que se encontra alinhada ao cumprimento da meta fiscal”, finalizou Débora Freire.

Considerações Finais

A revisão das projeções econômicas, divulgadas pelo Ministério da Fazenda, reforça uma visão de otimismo moderado para a economia brasileira em 2025.

Apesar dos desafios representados pela inflação persistente e pelo cenário internacional volátil, as perspectivas de crescimento sustentado, a estabilidade no mercado de trabalho e a melhora fiscal demonstram avanços significativos na condução da política econômica.

O Boletim Macrofiscal, portanto, consolida-se como instrumento fundamental para a orientação de políticas públicas e para o monitoramento da evolução da economia brasileira frente aos novos desafios e oportunidades globais.n